Brincar

Não adianta

11 Abril, 2017

Acordar mais cedo para sair mais cedo, porque há sempre um cócó gigante mesmo antes de sair de casa, ou uma fila no trânsito, ou obras na estrada em plena luz do dia

Levá-los para a cama deles depois de terem adormecido na minha, porque vão lá ter outra vez a meio da noite.

Fazer uma comida elaborada e muito compostinha, porque um deles vai fazer birra que não quer comer, o outro vai descobrir que afinal não gosta de ovos, outro vai entornar a água para dentro do prato, um vai queixar-se muito da barriga e o outro vai comer que nem um alarve e nem dar conta do que esteve a comer.

Vestir-lhes roupa decente para levarem para escola, pois é nesse dia que a camisola branca volta branco-sujo, as leggings rasgadas no joelho e os sapatinhos descolados.

Pedir-lhes que façam um desenho para dar a uma amiga que o vão entregar dizendo “a mamã pediu-me para fazer isto para ti”.

Ter uma mesa na festa de aniversário com comida só para as crianças, pois que eles não comem nada de jeito nas festas e só quando dizemos “meninos, está na hora de ir embora!” é que lhes dá a fome e vão petiscar o que ainda houver por lá.

Berrar, chamar a atenção, exemplificar como se faz, falar ao ouvido, gritar do outro lado da casa que a tampa da sanita fica sempre para cima e o autoclismo nunca é puxado.

Deitá-los mais tarde à sexta-feira, na esperança de que acordem mais tarde no sábado de manhã e eles acordarem exactamente à mesma hora madrugadora de sempre.

Pedir-lhes que não misturem as cores do play-doh e que o guardem nas caixas respectivas, pois acham sempre mais piada quando conseguem “fazer” um rosa espectacular, um verde cor de vomitado, um castanho cor de caca ou um multicolor inqualificável.

Sugerir que não façam queixinhas constantes uns dos outros, pois chegará o dia em que até te dirão “ela arranhou-me” apontando para a cadela.

Mandar calçar os chinelos, porque duram meio minuto nos pés deles e depois ficam espalhados pela casa e quando os queremos, nunca sabemos onde estão.

Ter esperanças numa viagem de carro sem barulho e cantorias e risadas histéricas, pois um simples “uhm-uhm” serve para inventar músicas compridas e elaboradas.

Esperar que não usem o sofá como trampolim ou rampa de lançamento para uma cambalhota acrobática.

Programar montes de actividades super-estruturadas para os fins-de-semana ou festas. Eles gostam é de mexer nas coisas para sentir e sorrir. Gostam de experimentar. Gostam de falar. Precisam de o fazer. Gostam de ser livres.

Comprar vestidos e roupa pipi cheia de feitio para vestir em dias especiais, pois só se sentem confortáveis e não implicam com roupa de algodão maleável e simples.

Não adianta querer que os filhos não se sujem, não façam barulho ou não se estejam sempre a mexer. Não adianta.

E ainda bem, pois ter filhos sempre limpinhos, caladinhos e quietinhos deve ser muitoooo chato.

Só temos que nos lembrar disso mais vezes.

  • Responder
    paula
    11 Abril, 2017 às 14:15

    🙂

    • Responder
      mamã cereja
      11 Abril, 2017 às 14:31

      🙂

    • Responder
      Elisabete Rolo
      12 Abril, 2017 às 8:48

      Olá
      Cá em casa, que somos 5, três dos quais gêmeos de 9 e uma patareca de 3. O cenário é bem idêntico. Às vezes achamos que com os outros resulta sempre melhor. Afinal existem mais famílias bem parecidas com a minha.
      Cerejinhas se quiser partilhar/comparar/ esteja à vontade! Um bjinho. Mãe Be

      • Responder
        mamã cereja
        23 Abril, 2017 às 23:21

        Apesar de estar lá perto, admiro tanto as mães de trigémeos ou quadrigémeos (conheço duas)! Também tenho essa sensação, mas no fundo o cenário é igual em todas as casas. Obrigada Elisabete, beijinhos 😉

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