Conversas

Conversas como as cerejas #7

17 Novembro, 2014

Hoje assinala-se o Dia Mundial da Prematuridade. É algo que assusta qualquer grávida, mas que no fundo nunca ninguém se prepara para isso. Eu, que tive duas miúdas pequenitas e que nasceram pouco antes do tempo, que nem sabia bem como lhes pegar, não faço a mais pequena ideia do que é ter um filho prematuro ou extremo prematuro. Há vários locais onde procurar informação e apoio, por exemplo, na Associação XXS e na Associação Pais Prematuros. Conheço muitos casos de pais de prematuros, muitos são pais de gémeos, mas também há prematuros que não são gémeos (actualmente, andamos todos a seguir a história da bébé portuguesa no Dubai que infelizmente, soubemos ontem, não conseguiu resistir).

Hoje trago-vos o testemunho da Luísa, uma mãe de duas meninas que nasceram às 28 semanas e que hoje têm 4 anos. Sei que a Luísa poderia ter escrito muito mais palavras, mas o seu tempo preenchido como mãe a tempo inteiro, não lhe permite mais palavreado. No entanto, é um caso de que, ainda hoje, passados 4 anos, as filhas têm algumas sequelas da prematuridade e que ela como mãe não desiste de reverter os efeitos deste acontecimento.

Fala-nos um pouco de ti e da tua família.

A minha família é composta pelo meu marido, O Nuno, e as gémeas Leonor e Matilde. Somos pais  “tardios”, de primeira viagem, ele foi papá aos 38 anos e eu aos 32.

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 Conta-nos como foi o momento em que soubeste que estavas grávida de gémeas.

Na altura , foi uma surpresa muito estranha, porque só soube que estava grávida de gémeas na segunda ecografia, às doze semanas. Sinceramente, devido à minha idade e antecedentes problemáticos de saúde, soube logo que seria uma gravidez de alto risco, o que me quebrou a felicidade. Foi uma gravidez gemelar espontânea, sem recurso a tratamentos de fertilidade.

Como correu a gravidez?

Mal. Muito mal. Fui internada às vinte semanas e só aguentei até as 28. Sempre em ameaça de aborto.

Procuraste ajuda em algum grupo de apoio?

Não, nem sabia que existiam. A realidade da prematuridade era totalmente desconhecida para mim. Somente há um ano descobri apoio nos Pais Prematuros.

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Que conselhos podes dar a mães e pais de prematuros? 

Conselhos, não consigo dar. Mas dizer-lhes que os milagres existem e que nós aprendemos dia a dia o poder de um milagre.

O que sentiste no primeiro dia  em que chegaste a casa com as gémeas?

Muita angústia por ter um bebé, a Matilde, de apenas um kilo e novecentos e com sérios problemas de alimentação, sem o apoio das enfermeiras. No dia seguinte, veio a Leonor, exactamente com o mesmo quadro médico. Foram tempos muito duros. Sempre sem apoio, a não ser somente no primeiro mês, do meu marido. Os dois anos seguintes foram vividos na luta contra a atrofia muscular, sempre com fisioterapia e imensas infecções respiratórias. Nada nos prepara para esta experiência dolorosa. Hoje andam e correm, apesar de ainda precisarem de terapias e continuarem a fazê-las semanalmente, e acredito, por isso, em milagres.

Queres revelar ao mundo situações caricatas que se tenham passado com as gémeas?

Situações caricatas? Talvez o facto de se protegerem uma à outra com “unhas e dentes” , e logo a seguir fazem queixinhas uma da outra .

O que mais adoras em ser mãe de gémeas?

Simplesmente perceber que fui abençoada duplamente!

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E o que mais te custa?

A ausência de estrutura familiar alargada, o egoísmo dos parentes. O sentir da responsabilidade total, sem apoio. Mas como diz o ditado, quem muito se ausenta, deixa de fazer falta.

Uma mãe de gémeos, ouve muita coisa. Quais as perguntas que mais te fazem? E como reages?

A pergunta mais irritante é esta: são tão parecidas? Por que têm cores de cabelo diferentes? Uma é loira, a outra morena. Ou então: fez tratamento de fertilidade, não foi? Dada a sua idade… Dá vontade de perder as estribeiras, às vezes…

O que mudou na tua vida? Como é vosso dia-a-dia?

Na minha vida mudou tudo. Como não existe apoio familiar, para que o pai das pequenas possa manter a sua actividade profissional – e a nossa sustentabilidade como família – tive que desistir da vida profissional, de me tornar mãe a tempo inteiro, ir às terapias sozinha, cuidar de tudo…

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O que é para ti ser mãe?

Para mim, é tudo. É a maior realização de um sonho demasiado adiado.

Gostas de cerejas?

Quem não gosta ?

 

Obrigada Lu pelo teu carinho e simpatia em colaborares. Um beijinho <3

 

  • Responder
    Ana Lima Costa
    17 Novembro, 2014 às 18:16

    Lindo testemunho AMIGA <3

    • Responder
      mamã cereja
      17 Novembro, 2014 às 20:23

      <3

  • Responder
    Rita Gameiro
    17 Novembro, 2014 às 11:22

    Gostei muito. A Lu é uma mãe coragem. Beijinhos e força para as princesas, que são lindas

    • Responder
      mamã cereja
      17 Novembro, 2014 às 16:56

      <3 obrigada Ritinha

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