Quero ser um bébé

Dormir a sesta faz bem

27 Fevereiro, 2019

Antes que toda a gente me comece a bater, cá vai uma primeira declaração: estou profundamente satisfeita e feliz com a opção que fiz, de o meu filho frequentar um jardim de infância público, aos 3 anos de idade. Ele teve vaga no pré-escolar público. Quando as listas saíram e ele entrou, apesar de já o ter inscrito num privado, tive que optar. O meu histórico de vida puxava para o privado onde andaram as manas e a minha conta bancária gritava muito alto, aos meus ouvidos, “públicoooooo!!!”. Fiz mil e um telefonemas para saber tudo e mais umas botas sobre aquele JI, e lá me decidi.

Na primeira reunião, a minha única pergunta recaiu sobre um tema meio tabú nos meandros do pré-escolar público: a sesta, ou melhor, a falta dela.

Passados 5 meses, e com 4 anos feitos pelo meio, o meu filho está muito feliz, mas ainda anda às voltas com a gestão do seu sono, ainda anda muito apardalado com a falta da sesta.

Ele aguenta, mas à custa de algum sofrimento. Nos dias em que não adormece na viagem de regresso a casa, o que às vezes é só depois das 19h, fica com um humor péssimo, faz birras por coisitas sem jeito nenhum, perde a fome e não janta quase nada de jeito, fica muito trapalhão, cai por tudo e por nada, enfim, parece um zombie. Nos dias em que adormece na viagem ou na espera pelo final do treino das manas, como é óbvio, à hora de ir dormir, já não tem sono nenhum e faz mais uma birra, porque não quer ir para a cama àquela hora. Acontece muitas vezes, principalmente à sexta-feira, adormecer na viagem. Chegados a casa, vai directo para a cama e só acorda na manhã do dia seguinte, sem ter jantado nem nada.

Resumindo, os finais de dia têm sido um bocado angustiantes. E tudo porque o miúdo tem sono. Só isso. Tem sono. Tem 4 anos. No caso dele, precisa ainda da sesta.

E, antes que me voltem a querer bater, digo que a escola do meu filho permite que os meninos se encostem e adormeçam se tiverem sono, se quiserem dormir, o que pode acontecer mais para o final do dia e implicar com a hora de deitar. Sim, eles lá podem encostar-se e dormir se quiserem, mas havendo barulho ou animação, nem todos conseguem abstrair-se.

Eu, como pessoa habituada a meter o bedelho onde não sou chamada, principalmente quando as coisas têm a ver com os meus filhos, desatei a fazer perguntas e a pesquisar sobre o tema.

Então, se a Sociedade Portuguesa de Pediatria recomenda a prática da sesta em crianças até aos 5 anos (neste estudo) e se todos os especialistas do sono dizem que as crianças em idade pré-escolar devem dormir 10 a 13h por dia, porque raio, sim, porque raio, a sesta não está implementada no pré-escolar público, tal como está no privado?

Após alguma reflexão, encontrei a resposta: falta de vontade política e organização! É apenas esta a justificação.

Portanto, se eu mandasse, era assim: depois do almoço, um pouco de brincadeira para todos e, de seguida, as crianças cujos pais decidam que a sesta é essencial aos seus filhos, dormem uma horita ou horita e meia. Nessa altura, montam-se aquelas camas-que-têm-um-nome-em-estrangeiro, tal como se faz nos privados, e os putos dormem um pouco. Os outros, aqueles que os pais entendem não precisar de sesta, sejam eles de que idade forem, vão brincar ou fazer alguma atividade, ou não fazer nada. Sesta não obrigatória, sesta facultativa. Parece simples, não parece? Então e porque não se implementa esta medida? Não sei. Mas suspeito que tenha que se mexer um bocado na organização dos horários, nos hábitos instituídos há anos, na organização dos espaços…parece complicado, mas lá está, com vontade tudo se consegue.

Essa orientação tem que vir de cima, daquele edifício lá na 5 de Outubro, com gente pensante e mandante. Consultem fáxavôr pediatras, psicólogos, educadores, auxiliares e pais, e vejam lá a melhor maneira, pois a sesta no pré-escolar, público ou privado, faz falta!

E antes que me venham bater ainda mais, posso dizer-vos que é só mesmo isto que falta, esta pequena alteração política, para considerar o JI do meu filho, o melhor JI público de todo o Portugal e arredores!

 

(fonte fotografia: internet)

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