Já passou mais de um mês. Já tenho 42.
E o que é que uma pessoa com 42 anos e três filhos, faz no seu dia de anos? Ah, vai almoçar com as amigas, bebe uns finos, vai a um spa, compra uma roupa nova.
Não. Fica em casa…sozinha! É verdade, foi isso que fiz no meu dia de anos: estive em casa sozinha. Que deprimente, muitos me disseram. Gostava tanto, outros tantos. Realmente, muitas vezes damos mais valor ao que não temos e eu quase nunca tenho momentos de estar em casa sozinha. E claro que gosto muitooooo mais de estar em casa acompanhada, pelo pai cerejo e os meus três filhos, de longe! Mas, por muito que goste da minha malta, também gosto de estar a sós comigo mesma, em casa, sem horários e sem barulho. A fazer o que me apetece ou a não fazer nada. E foi este o meu pequeno prazer do meu dia de anos. Do quadragésimo segundo (porra, dito assim, pesa!!!!!).
Mas fiz mais uma coisa que para mim foi muito importante.
A minha casa estava (e está!) um caos. Nem tem a ver com o pó ou o cotão no chão, nem com a carrada de roupa suja ou para passar a ferro. Tem, aliás tinha, a ver com a enormidade de brinquedos espalhados por todooo o lado. Nem somos de dar muitos brinquedos, mas vejam: os gémeos têm a sorte de ter sempre brinquedos a dobrar, ou seja, têm sempre muito mais brinquedos que os outros miúdos. Porque há sempre prendas para cada uma e só as coisas grandes é que são únicas e para partilhar. Normalmente, ofereço ou peço para oferecerem coisas parecidas, nunca iguais.
O que é facto é que era muito brinquedo espalhado por todo o lado e o quarto delas já não respirava. E eu também não!
Um bocado inspirada pela Vera neste post aqui, mas sem fazer uma “limpeza” tão grande, decidi que ia dar uma volta aos brinquedos e que ia esconder a maior parte e deixar apenas alguns. Em vez de ser segredo, disse-lhes que ia fazer isso e perguntei quais queriam muito, mas mesmo muito, deixar ficar. A cerejinha L pediu para deixar os Nenucos e a mala da cabeleireira, e a cerejinha J pediu os bonecos pequeninos. E assim foi. Deixei também os animais da Schleich e os da selva sobre rodas (também a pensar no Joaquim), a mala da doutora e das Pin y Pon, e o cesto dos piqueniques. Na sala ficou tudo o que estava no armário das manualidades e dois puzzles e o jogo dos blocos na gaveta dos jogos. No sotão ficaram as coisas de pintar, os intrumentos musicais e as coisas da cozinha. Tudo o resto (e acreditem que é muito) escondi numa arca (daquelas que as nossas mães nos compravam para guardar o enxoval, sabem?) que já esteve para ser despachada, mas que agora ganhou utilidade; tem em cima uma tv antiga muito pesada, para não a conseguirem abrir.
Nesse dia, disse-lhes que os brinquedos estavam guardados num sítio secreto, que não tinham ido para o lixo, que agora só tinham aquilo para brincar e que daqui a um mês a mamã trocava novamente os brinquedos. Chegaram a casa, foram espreitar e estas foram as reacções:
- “Que quarto tão limpinho”
- “Tanto espaço”
- “Vamos fazer um piquenique?”
- “Mamã, e agora só temos estes brinquedos?”
- “Já não via a vaquinha há tanto tempo”
E brincaram no chão do quarto, coisa que já não faziam há muito e inventaram brincadeiras, redescobriram brinquedos e nunca, nunca apanharam seca. Concluí que “menos é mesmo mais”.
Passado mais de um mês, aproveitei outra folga para trocar os brinquedos. Perguntei o que podia trocar e o que queriam de volta. Pediram os carrinhos para o Joaquim poder brincar também, as maquilhagens e as Nancys. Troquei as Pin pelos pet shops, os nenucos pelas bonecas da disney, a mala de doutora, pela mala de veterinário. E na sala troquei os puzzles. Trouxe também algumas bolas.
Nesse dia, foi outra histeria: mana, olha os nossos pet shops, olha isto, olha aquilo. E a cerejinha L disse “a mamã é muito amiga” e a cerejinha J veio a correr abraçar-me. E eu fiquei muitooooooo inchada orgulhosa de mim mesma. Consegui! Valeu mesmo a pena ter gasto o dia de anos nesta tarefa. A minha casa respira e elas voltaram a dar valor às coisas que têm. Outra parte boa é que já sei quais os brinquedos que vou dar aos meninos no Natal: aqueles que elas não pedirem até lá…é porque não lhes fazem falta.
E por aí, alinham nesta experiência? É só quererem, vão ver que vale a pena, vão ver que os vossos filhos encontram sempre formas de brincar e são criativos. Vão ver que do pouco se faz muito. Vão perceber que afinal os vossos filhos ainda sabem brincar.
2 Comentários
Fernando Ribeiro
14 Novembro, 2015 às 21:09Realmente foi uma escolha digamos feliz a que fez no seu dia de anos o ficar em casa, digo feliz porque lhe deu uma ideia genial o arrumar o quarto e guardar parte dos brinquedos que por vezes atrapalham demais as crianças quando têm muitos brinquedos e que por vezes nem lhes prestam atenção e assim foi da maneira que consegui-o ver os que eles mais gostavam de brincar, por falar nisso realmente os miúdos têm por vezes reações que surpreende os adultos, eu tenho um amigo que agora tem cinco anos, mais ao menos dois anos atrás numa visita que lhe fazia a sua casa que era um andar acima de mim, estando eu e ele e os seus pais, ele me puxou pela sua mão e me levou até ao seu quarto, e o mesmo estava também cheio de brinquedos e o mesmo sem mais nem menos me segredava, eu tenho tantos brinquedos e à tantos meninos que não têm nenhum eu vou dar os meus brinquedos para eles, perante estas palavras eu fiquei de boca aberta com a maneira muito simples e singela desta criança, eu ainda pensei será que alguém lhe disse qualquer coisa e mais tarde desabafei com a mãe dele e ela também ficou espantada e conversamos como seria que o Francisco lhe deu para dizer tal coisa, bem seria as noticias que ele ouve sobre as crianças ao seria na escolinha que lhe disseram, o que é certo é que ele pensou e disse-me aquilo que realmente pensava. Bem com tudo isto fugi um pouco da sua conversa quanto a ficar em casa no dia de anos, agora pense valeu a pena realmente fazer isso porque assim conseguiu conhecer melhor os seus filhos naquilo que eles mais gostam de brincar, portanto não deia como tempo perdido este dia que aliás lhe fica marcado para sempre. Um abraço
mamã cereja
16 Novembro, 2015 às 15:09Obrigada! 🙂