Dicas do cerejal

Sentido oposto

26 Setembro, 2017

Há um conceito que se aprende desde cedo em físico-química, o par acção-reacção que se traduz em:

“Se um corpo exerce uma força sobre outro, este reage e exerce sobre o primeiro uma força de intensidade e direcção iguais, mas em sentido oposto”

Ora, esta definição assenta que nem uma luva nas situações em que faço uma pergunta (acção) e o amontoado responde (reacção) em sentido oposto. Seguem exemplos.

Acção: o que queres para o pequeno-almoço?

Reacção: minutos intermináveis para decidir, acabando sempre por escolher o que não há no frigorífico e na despensa, ou a coisa mais errada possível.

Solução: definir no dia anterior o pequeno-almoço, em conjunto com eles, tentando variar em cada dia; caso me esqueça, na manhã seguinte, enquanto se vestem, dou duas alternativas e escolhem entre essas opções, explicando que se ontem foram cereiais, hoje tem que ser pãozinho. Ao fim-de-semana escolhem livremente e comem quando querem.


Acção: o que fizeste hoje na escola?

Reacção: nada!

Solução: começo por dizer “vou contar-vos como foi o meu dia” e depois peço para contarem o delas, ou então, até são elas naturalmente que dizem “agora sou eu a contar como foi o meu dia”.


Acção: Joaquim, queres ir fazer xixi?

Reacção: não!

Solução: agarro-lhe na mão e digo “Joaquim, preciso que me venhas ajudar a fazer uma coisa” ou “Joaquim, sabes que este boneco tem muita vontade de fazer xixi?” e depois, já na casa-de-banho “olha, agora aproveita e faz também para depois irmos brincar”. Não é assim o modo mais honesto do mundo, mas resulta!


Acção: no sábado vamos lanchar a casa da amiga X.

Reacção: é hoje que vamos lanchar a casa da X, é hoje, é? e a pergunta repete-se todos os santos dias, várias vezes ao dia, até chegar o dia propriamente dito.

Solução: guardar a informação apenas para a véspera ou até para o dia, porque os miúdos ainda não relacionam bem os dias da semana e não conseguem gerir a ansiedade da mesma forma que um adulto. Informação a mais e com muita antecedência, a maior parte das vezes é contraproducente.


Acção: o que é que aprendeste hoje na escola?

Reacção: nada!

Solução: “hoje aprendi uma palavra nova (encontrar uma palavra que os miúdos nunca tenham ouvido ou que seja complicada), querem saber qual foi? E vocês aprenderam alguma palavra nova?”. Há imensas estratégias para “sacar” informação às crianças, principalmente para as mais reservadas ou que não gostam de falar de si; fazer perguntas directas, raramente resulta com estas crianças.


Acção: despacha-te!!!

Reacção: está bem!!! e meio segundo depois voltam ao ritmo lento e irritante de quem não tem pressa nenhuma.

Solução: acordar mais cedo, preparar TUDO de véspera, explicar as consequências, calmamente, de chegar atrasado e explicar que se as coisas forem feitas com tempo, ainda se pode brincar um pouco de manhã e que saímos todos muito mais bem-dispostos (eu falho tanto, mas tanto, nesta estratégia, mas tenho a noção que andar esbaforida pela casa a mandar toda a gente despachar-se não é bom e não resulta…tenho mesmo que mudar)

 

(a continuar com as vossas experiências…)

 

 

 

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