Dicas do cerejal Ir e fazer

Estratégias para gerir um amontoado #4 – sair sozinho com os filhos

12 Julho, 2016

Sabem aquela mania que as mães têm de conseguirem tudo? Pois, eu sou dessas, tenho a mania que consigo fazer tudo com a canalhada atrás. Tenho a mania que consigo, até há um ano e meio atrás, ir sozinha a todo o lado com as gémeas e desde há um ano e meio para cá, com o meu amontoado de filhos atrás. E não é só mania, é certeza, porque de facto consigo fazer tudo (quase tudo) sozinha com eles. E porque decidi que consigo? Porque às vezes o pai cerejo não pode, porque às vezes dá-me mais trabalho ficar sozinha com eles em casa do que ir fazer coisas para a rua, porque é de pequenino que se ganha responsabilidade e autonomia.

Se me sai do pêlo? Sai! Se preferia não tentar? Não! Se me aventuro a fazer tudo? Quase tudo, sim! Ou seja, vou a todo o lado, hipermercado, espectáculos de música, teatro e dança, feirinhas pipis ou pimbas, shopping, parque infantil, casa dos amigos, mercearia, tanta coisa.

So há duas situações onde não vou sozinha com eles: à praia ou comer fora.

No primeiro caso, porque eu tenho um medo doido do mar ou que eles se percam. Porque é tudo muito apelativo para desatarem a correr e a experimentar e mais não sei quê. Porque é difícil de os manter aos três no mesmo sítio e como têm idades tão diferentes, não consigo estar com o moranguito à borda da água e controlar duas garotas cheias de vontade de se molharem, ao mesmo tempo. Portanto, à praia sozinha com os três não vou e duvido que alguma vez vá (e mesmo sozinha com as duas, vou, mas um bocado à rasca…vocês não estou bem a ver: na praia pareço uma maluca, estou sempre a gritar “anda mais para aqui”, “não vás tão para dentro do mar”, “cuidado”, “LAURAAAAAA”, “JÚLIAAAAA”…um horror!).

No segundo caso, é porque para gastar dinheiro, não comerem nada de jeito, eu não conseguir estar sentada mais que meio minuto seguido, ter que me levantar carradas de vezes para ir à casa-de-banho e abandonar carteira e cenas na mesa, prefiro não ir a restaurantes com eles. Prefiro piqueniquar. Ando sempre de marmita atrás, carregada com bebidas e comidas várias, uma toalhinha para estender no chão e está a andar. Para além de ser muito mais barato e mais descansado.

Seguem agora algumas estratégias para saírem sozinhos com o vosso amontoado:

  • na primeira vez, experimentar por um período de tempo curto e num sítio controlado, por exemplo, um parque infantil vedado e relativamente pequeno para não se dispersarem muito. Aos poucos aumentar o grau de risco da saída, em períodos maiores, mas nunca nada de muito estafante.
  • o grande truque é combinar previamente o que se espera de cada um e explicar tudo direitinho, onde vamos, com quem vamos, quanto tempo vamos e o que vamos fazer. É como fazer uma espécie de “briefing” antes de um evento com a equipa de trabalho.
  • estabelecer prioridades: primeiro vamos fazer isto que a mãe precisa tratar, depois vamos fazer aquilo que vocês quiserem.
  • não vejo mal nenhum em recompensas. Trabalhei muitos anos por objectivos e sabia-me bem ter a recompensa por os ter alcançado. A recompensa pode ser um abraço gigante, uma ida a um parque, uma guloseima ou um gelado, um livro, escolherem o que querem para o jantar, ficar acordado até mais tarde, escolher a actividade a fazer no dia seguinte…recompensas que não envolvem gastos de dinheiro e não são mais um brinquedo.
  • definir posições e lugares de encontro. No nosso caso, quando andamos na rua e eu digo “posições”, as cerejinhas sabem que é para cada uma ir para o seu lado do carrinho do mano e vamos ali as três a empurrar o carrinho, muito juntinhas é verdade, mas bem seguras que é o que interessa. Combinamos sempre o sítio onde eu vou estar a vê-los e se me levanto por alguma razão, digo-lhes.

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  • fazer xixi, muito xixi, antes de ir a algum lado. E mesmo assim, tenho muitas vezes que recorrer à árvore mais perto ou ao recanto mais escondido, porque elas nunca têm vontades de fazer xixi encontradas. É feio, mas não tenho outra hipótese. Até porque as casas-de-banho ou não existem ou estão a milhares de metros de distância, ou estão imundas.
  • nas compras no hipermercado, só vou com eles quando preciso apenas de meia dúzia de coisas; eu própria fico em estado quase catatónico quando passo muito tempo dentro do hipermercado, quanto mais as crianças. E digo-lhes a lista para não haver pedidos malucos e tal. Se houver disso, aponto e digo “não está na lista, filhas” e fica resolvido. Normalmente, o moranguito vai no carrinho do hipermercado e com elas adopto a mesma estratégia das “posições”.
  • talvez a seguir à praia, o shopping seja o sítio que mais medo me dá que eles se percam. Porque é um sítio familiar e como não há carros, sentem-se à vontade, demasiado à vontade para o meu gosto. Por isso, vou poucas vezes.

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  • evitar sair sozinha com eles com sono. Se não dormirem antes, tentar que durmam um pouco na viagem de carro. Pior que controlar sozinha três crianças, é tentar fazê-lo junto com birras de sono…é muito difícil!!!!
  • em locais de multidão, ao ar livre, como por exemplo feiras ou piqueniques de muita gente, opto por lhes vestir o que eu chamo “roupa que não lembra ao diabo” para os conseguir ver a quilómetros. Elas já foram para um piquenique vestidas de princesa, com uns vestidos lindos hiper-cor-de-rosa-brilhante. Bastava-me levantar a cabeça e sabia onde estavam. Ah, e normalmente vão de igual para estes sítios, para ser mais fácil de procurar. Também os visto com cores estilo pirilampo, amarelo ou verde fluorescente, ou padrões destacáveis, como riscas coloridas nas calças. No caso de feiras pipis, opto por as vestir estilo piroso com saias de tule brilhantes e camisolas da Disney, porque sei que vão ser as únicas assim vestidas. O moranguito vai também com um chapéu cor-de-laranja ou verde alface para lhe conseguir encontrar o cocuruto facilmente.

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  • o meu truque para os levar a ver espectáculos e ficarem os três  sossegadinhs, é atascar-lhes a barriga com bolachas antes de entrarem e ter sempre um pacote de pintarolas na carteira para o caso de se porem a estrebuchar (esta última ferramenta não tem sido precisa, mas vai na carteira na mesma). Também não os deixo ir para estes eventos com sono ou cansados, claro, e mostro-lhes imagens do que vamos ver antes de irmos ou conto um pouco da história.
  • quando vamos a casa dos amigos, já sabem que quem manda na casa onde vamos, são os donos da casa e que não podem mexer sem perguntar, tal como gostavam que alguém que viesse a nossa casa fizesse. E, em geral, portam-se bem. Claro que mal lá chegam, dizem “tenho fome” como se não tivessem comido minutos antes e eu tivesse lá ido para cravar comida…enfim, vergonhaças que uma mãe passa.
  • na dúvida, comprem uma trela…ai desculpem, um arnês…ai perdão outra vez, uma mochila que seja um cãozinho e cujo rabo seja a trela a fingir para evitar olhares e comentários alheios. Em Portugal não é comum, mas no estrangeiro usa-se aos pontapés. Quando as cerejinhas começaram a andar, comprei duas trelas mochilas destas para o caso de serem daquelas crianças que fogem e nem olham para trás. Não chegaram a ser precisas. Mas estava-me a borrifar para os comentários mal-dizentes de quem acha feio meter uma trela aos filhos. Antes passar por louca, do que ter um filho perdido. Trelas? Sou a favor.
  • na piscina, caso as crianças não saibam nadar ou em sabendo, tenham perfis de aventura diferentes, acho preferível atafulhar as crianças com aquelas braçadeiras com cinto que são o mais seguro que há. E escolher bem a piscina, em que a água não lhes passe da peitaça para cima. E nunca os deixar andar muito sozinhos à beira da piscina por causa do perigo de escorregarem (nota-se muito que sou uma stressada com a água?)
  • com cinco anos já as deixo ir ao pão sozinhas. Dou-lhes o dinheiro, digo o que têm que pedir, peço para repetirem o que disse e fico cá fora à espera, ou melhor, à espreita. Mas só faço isto em padarias ou mercearias onde elas estejam habituadas a ir e saibam o nome das pessoas.

No meio disto tudo, de todos estes truques, a grande dica é acreditar que vai correr bem, ir descontraído q.b. e confiarem nos vossos filhos. Com o tempo, eles aprendem a corresponder, a serem responsáveis e percebem que se não colaboram ou fazem aquilo que os pais pedem, ficam fechados em casa e não passeiam. É a vida, meus amigos! Claro que nem todas crianças são iguais e acredito que algumas são muito complicadas de dominar…mas, ainda assim, acho que vale a pena tentar.

E por aí, quais são as vossas estratégias?

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